Eu e meu irmão fomos criados dentro de uma base rígida de valores que nossos pais fizeram questão de imprimir em nosso caráter. Na infância, fomos muito poupados das injustiças do mundo, pelo amor de nossos pais.
Quando crescemos e tivemos que encarar a vida, nos deparamos com uma sociedade bem diferente daquela que imaginávamos, fazendo-nos sentir como se fôssemos ETs num planeta estranho, tamanha a inversão de valores a que estávamos submetidos e que continuamos a presenciar.
Nós dois nunca nos "enquadramos" nessa ordem e também nunca desistimos de lutar – cada um a nosso modo – pelos princípios que acreditamos ser o caminho para uma convivência social justa, seja no nível de pequenos grupos, seja a nível mundial.
Mas, para que estes princípios sejam aplicáveis nos outros, para que tenhamos autoridade de pregá-los, nós primeiro devemos observar se nossa própria conduta se ajusta ao nosso discurso.
Todos nós temos dentro da alma defeitos e egoísmos – nosso lado sombra. É necessário muita coragem para identificar tais defeitos, assumir nossa sombra e começarmos a combatê-la.
É o tal “Duelo Pessoal” a que Max tantas vezes se referiu. É a chamada "Reforma Íntima" dos espíritas; ou o "Renascimento em Cristo", dos evangélicos etc. Todas essas expressões querem dizer a mesma coisa: procure em ti aquilo de mal que você enxerga no outro. Após vencer o mal em ti mesmo, terás a autoridade moral para combatê-lo no mundo. É uma luta árdua, constante e que poucas pessoas se aventuram a travar.
Porém, nem sempre estamos fortes, nem sempre estamos corajosos.
Às vezes, me sinto dando murros em ponta de faca e me pergunto “por que insisto nessa luta?”
Hoje, tive acesso a um pequeno texto que me trouxe a resposta a este questionamento. Deixo o texto para vocês, para que reflitam :
O CANIVETE
Meu maior defeito, nos despreocupados dias da infância, consistia em desanimar com demasiada facilidade quando uma tarefa qualquer me parecia difícil. Eu podia ser tudo, menos um menino persistente.
Foi quando, certa noite, meu pai me chamou para conversarmos. Tinha nas mãos uma tabuazinha de pequena espessura e um canivete aberto. Ele me disse quando me aproximei- Meu filho, risque uma linha em toda a largura da tábua.
Obedeci e, em seguida, tábua e canivete foram guardados na escrivaninha.
A mesma coisa foi repetida todas as noites seguintes. Ao fim de uma semana eu não podia mais de curiosidade. A história continuava. Toda noite eu tinha que riscar com o canivete, uma só vez, o sulco que se aprofundava.
Afinal chegou um dia em que não havia mais sulco. Meu derradeiro e leve esforço cortara a tábua em duas.
Papai olhou longamente para mim e, depois, disse:
- Você nunca acreditaria que isto fosse possível com tão pouco esforço, não é verdade? Pois o êxito ou o fracasso de sua vida não depende tanto de quanta força você põe em uma tentativa, mas na persistência no que fizer.
Foi essa uma lição-de-coisa impossível de esquecer e que mesmo um garoto de 10 anos pôde e soube aproveitar, não apenas na infância, mas durante toda vida. (Wallace L.V. Rodrigues)
Toda e qualquer mudança é resultado de um esforço consciente, disciplinado e repetido. Acreditem e não desistam. Cada um de nós é responsável pela mudança que queremos ver em nosso mundo e essa mudança deve começar sempre em nós mesmos.
Estejam em Paz. Um beijo da Lelê